Descolonização da universidade (S1E3)

Podcast Design & Opressão
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Descolonização da universidade (S1E3)
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No episódio do podcast do Grupo de Estudos da Rede Design Opressão, realizado em 28 de maio de 2024, foi discutido o livro “A Questão da Universidade” (edição de 1993), focando nas páginas 35 a 50. A música “Acorda, Amor” de Chico Buarque, usada para destacar a censura e repressão durante a ditadura militar no Brasil, abriu a discussão. A canção começa com o ruído característico da sirene policial.

O episódio destacou como o livro de Álvaro Vieira Pinto era considerado subversivo e frequentemente apreendido pelas autoridades da época, mencionando casos de repressão como o de Neiton de Paiva Neves. A repressão à educação e cultura durante a ditadura foi contextualizada, enfatizando a influência do imperialismo na universidade, que reproduzia uma ideologia alienante, afastando os professores da realidade nacional e impedindo a classe trabalhadora de desenvolver uma cultura autêntica.

A discussão abordou a relevância da universidade e a produção de uma cultura nacional autêntica, destacando como a cultura universitária era dominada por uma matriz imperialista, dificultando a criação de uma cultura representativa do povo brasileiro. Foram exploradas as relações entre essa crítica e a perspectiva decolonial contemporânea, que enfatiza o localismo e os pluriversos.

Particularmente no campo do design, a alienação cultural foi destacada, apontando que a importação de conhecimentos estrangeiros prevalece até mesmo em discussões sobre combate ao imperialismo e legados da colonização. Autores estrangeiros como Boaventura de Sousa Santos e Arturo Escobar são frequentemente priorizados sobre pensadores nacionais como Álvaro Vieira Pinto. Foi enfatizada a importância de corrigir essa falta de justiça, estudando e valorizando os autores brasileiros que pensaram sobre esses temas muito antes.

A discussão concluiu que uma universidade com caráter nacional é fundamental para um projeto de emancipação do imperialismo. Conceitos universais devem ser produzidos a partir de uma cultura autêntica brasileira, aproveitando a riqueza das diferentes formações culturais no território nacional. No contexto do design, essa perspectiva é crucial para superar a alienação cultural e promover um conhecimento que verdadeiramente represente a realidade e os interesses nacionais.